UMA EXPERIÊNCIA COM MOOC. #emerg12
Primeira semana. OLDS MOOC Week 1: Initiate
Um MOOC (Massive Open
Online Course) é, como a própria sigla indica, um curso online que utiliza
diversas plataformas web 2.0 e redes sociais, é aberto e gratuito. A expressão massivo
justifica-se pois é oferecido para um grande número de alunos. Pelo que
compreendi a essência dos MOOCs é o espírito da colaboração, a utilizar
conteúdo já disponível gratuitamente na web, boa parte é produzida, remixada e
compartilhada por seus participantes durante o próprio curso, em posts em blogs
ou fóruns de discussão, recursos visuais, áudios e vídeos, dentre outros
formatos.
Por que uma experiência
com MOOC? Recentemente a professora Drª Lina Morgado, condutora da disciplina
Ambientes e Pedagogias emergentes, convidou os alunos e alunas da mesma UC a
participarem de um curso no sistema MOOC
http://cloudworks.ac.uk/cloudscape/view/2451.
Este curso versava sobre uma “Proposta de currículum para o século XXI”. A data
inicial do curso foi 10 de janeiro de 2013 com uma
seqüência estruturada de atividades e proporcionando espaço para as próprias
iniciativas, criatividade e colaboração. A sugestão inicial seria escolher um
grupo de trabalho para seguir executando todas as atividades, ou fazer um grupo
próprio, compartilhar seus resultados e avaliar seu trabalho entre pares. O
aconselhamento que recebemos ao aceder o curso foi de que o MOOC iria exigir 3
a 10 horas por semana, dependendo do empenho pessoal e interesses. O cronograma
do curso pode ser acessado em http://www.olds.ac.uk/the-course . Neste link pode ser também selecionado um subconjunto das atividades.
Na primeira semana a proposta era de se concentrar em
conhecer uns aos outros e formar idéias e grupos de estudos. Durante esta primeira semana, os participantes iniciar seu
próprio aprendizado ou projeto de currículo de design em seu domínio da
prática. Este projeto tinha por objetivo uma oportunidade de aplicar e
usar princípios, representações e metodologias acerca do eixo condutor da
proposta. Sobretudo a metodologia tem como arcabouço explorar definições de
aprendizagem além de relacioná-la com outros campos de pesquisa educacional. Explorar as relações e distinções entre o Modelo de Currículo,
projeto de aprendizagem, design instrucional, e pesquisa em Design Educacional.
Desafio também de utilização de uma abordagem de projeto de aprendizagem para a
concepção de aprendizado no século 21.
PROPOSTA DO CURSO
- Explorar uma variedade de definições Design
Educacional
- Iniciar projeto próprio de
aprendizagem / currículo
- Definir o design de aprendizagem, como um
campo de pesquisa e prática
- Identificar alguns dos grandes desafios da
utilização de uma abordagem de projeto de aprendizagem para a concepção de
aprendizagem no século 21
- Identificar temas específicos de interesse
para uma exploração mais imersiva
As instruções poderiam
ser apuradas em http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Gc9u91y0RJ0
Etnografando: POR QUE
ETNOGRAFAR O AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM?
Etnografar para conhecer melhor o campo do
conhecimento, a importância do uso da etnografia para uma investigação sistemática
da prática da aprendizagem, é um processo transformador, pois estimula o envolvimento
do estudo ancorando a subjetividade, revelando as realidades múltiplas, criando
assim uma posterior escrita de re-construção da realidade observada. Esta
prática aqui revelada surgiu como tentativa de refazer o movimento de
aproximação entre a etnografia, educação/aprendizado e o espaço digital usado
para o MOOC. O objetivo de etnografar a prática desta atividade foi causado
pela sensação de culpa, reflexo da pouca imersão nos conteúdos, rotinas e
conflitos pedagógicos por mim vividos nesta primeira experiência. Na verdade
não consegui acompanhar as atividades, partindo para prática etnográfica a fim
de ilustrar o percurso e compreender, interiorizar a proposta.
Etnopesquisa vem de
“etno” do grego “ethnos”, povo, pessoa, a etnografia conseqüentemente tem o
intuito de estudar, observar, conhecer as pessoas e seus espaços, sua cultura e
comportamento. Segundo Macedo (MACEDO,
2005, p. 04) “descrever para compreender
é um imperativo”, para tanto a importância da descrição.
No
processo de construção do saber científico a etnopesquisa não considera os
sujeitos do estudo um produto descartável de valor, meramente militarista.
Entende como incontornável a necessidade de construir juntos, traz
irremediavelmente e interpretativamente a voz do ator social para o corpus
empírico analisado e para a própria composição conclusiva do estudo, até porque
a linguagem assume aqui um papel central. (MACEDO,2005,p.05).
Segundo
Freire (1996, p. 29) “não há ensino sem
pesquisa e pesquisa sem ensino”. Ao afirmar que a pesquisa promove a
constatação que propõe a intervenção que fomenta a educação e a auto-educação,
o autor destaca a pesquisa como uma das dimensões mais centrais no processo de
formação do professor, visto que, pesquisar significa buscar, indagar,
transformar, exigindo, portanto, conhecimento do espaço. Na etnografia online
as relações acontecem entre as representações visualizadas em forma de texto,
imagem e som. Para Hine (2004) a etnografia virtual tem o intuito de uso para aprimorar
a percepção do sentido da tecnologia e dos espaços sociais e culturais. Assim a
etnografia virtual permeia relações espaciais e temporais mediadas pelas
ferramentas tecnológicas, fortalecendo práticas educativas construídas e
ressignificadas dentro de qualquer ambiente digital de aprendizagem. Acredito
que a etnografia deve vir auxiliada pela auto-etnografia, como narrativa
reflexiva, pois esta revela a presença do pesquisador (WALL,2006). Para Wall,
2006 a experiência de quem promove a pesquisa faz com que o estudo/pesquisa/reflexão
tenha sentido. Quando o pesquisador fala como sujeito atuante (como é meu caso)
confere autenticidade à pesquisa sendo, portanto habitada de forma
fenomenológica. Este é um parecer sob a ótica de um sujeito (eu) acerca de
impressões pessoais pertinentes ao curso destacado. Minhas impressões vêm de um
olhar externo, caminhei pelas nuvens como observadora, uma “Vouyer”.
Assim,
o aluno iniciava o curso portando um nome de usuário e uma senha. Desta feita o
cursista teria acesso as atividades. O passo posterior seria atualizar o perfil
inserindo foto e algumas informações pessoais. Desta feita o aluno e aluna
estaria inserido em novos cenários educacional
ocasionados pelas tecnologias e seus desdobramentos propondo destacar currículo
e aplicação do conhecimento no século XXI. Vi como proposta de
veiculação do conhecimento a leitura de textos e produção
de informações textuais, e imagéticas(mapas mentais). Discussão dialogada de conteúdo
a partir do uso de fóruns, ferramentas de mensagens como twitter, individuais e
em grupo e muitos outros.
A priori me
senti desafiada, me envolvendo nesta vertente rizomática da educação. O lugar
da educação sofreu diversos deslocamentos nesta experiência de conhecimentos,
os mesmos se multiplicaram por meio da possibilidade da não linearidade. Posteriormente
me senti deprimida e incompetente por não ter conseguido a imersão necessária.
Ainda que se possa conceder algum privilégiamento
a algum lugar do aprender, não se pode absolutizar nenhum sob pena de
cerceamento do processo complexificante do aprender. Complexificante porque se
trata de um processo em movimento, de complexificação crescente ao modo do
hipertexto. (BERTICELLI, 2010, p.22).
Vejamos algumas descrições do espaço:
Home
Página principal para explicações, vídeos,
cronogramas, propostas.Nela
encontramos a agenda de temas e atividades listado em: http://www.olds.ac.uk/the-course
Lista de anúncios para notificão das atividades
MOOC e eventos que se vão desenrolando:https://groups.google.com/forum/?fromgroups # forum /
idade-mooc!
Grupo de discussão aberto, onde é possível
compartilhar experiências e pensamentos com colegas participantes: ! https://groups.google.com/forum/?fromgroups # forum /
idade-mooc aberto
Nuvens e Cloudscapes
Nuvens são
espaços de relevância para aprender e ensinar. Pode se configurar em uma
descrição de uma atividade de aprendizagem, um estudo de caso, um recurso ou
ferramenta, um resumo de uma apresentação. Cloudscapes
são coleções de nuvens sobre um determinado tópico. A maioria das atividades são apresentadas como
nuvens ou cloudscapes sobre cloudworks, e são necessárias para configurar o seu
próprio espaço de trabalho (ou
em qualquer outro site). Necessário é
também contribuir com nuvens e comentários para as nuvens de atividade
ou cloudscapes dos outros participantes fornecendo feedback aos trabalhos dos colegas. Cada semana começa com uma mensagem
introdutória dos facilitadores da semana, que serão enviados para a lista
anúncio. Em meu e-mail recebi na primeira semana orientação do Dr.
Yishay. Fomos informados e orientados de que estariam usando bibsonomy.org para compartilhar links e referências. Para tal quem compartilhasse algum parecer,
comentários, análises, reflexões deveriam marcar suas entradas com
OLDSMOOC e as entradas para cada semana com OLDSMOOC-W (e o número da semana de estudo).
Mesmo não
participando imersivamente recebia notificação das atividades e reflexões a
elas pertinentes. Os facilitadores enviam um resumo das atividades do dia à
lista de anúncio com conversas sobre o grupo aberto, contribuições em
cloudscape, tweets ou quaisquer entradas.
O MOOC
OLDS é baseado em um discurso de projeto colaborativo. Cada semana, a sugestão era uma
seqüência de tarefas que poderia ser realizada individualmente ou em equipes. Na maioria das atividades, pronunciava
produção de algum artefato e compartilhamento do mesmo, além de comentario
sobre as produções. Para reunir e compartilhar o trabalho, o aluno deveria criar
um portfolio individual e um espaço de trabalho de equipe. A sugestão foi usar cloudworks como
uma plataforma para este fim.
CONSIDERAÇÕES REFLEXIVAS OU QUASE CONCLUSIVAS
Percebi problemas e desafios a serem superados:
minha falta de estrutura e objetivos de aprendizagem gerou-me uma sensação de
confusão e falta de orientação. Esta sensação causou-me inquietação
bloqueando-me para imersão. A proposta está em língua inglesa e não em
português meu idioma natal. Meu nível de conhecimento da língua inglesa é
sofrível e obviamente comprometeu meu sucesso na atividade. O uso de ferramentas distribuídas em rede exigiu-me
uma concentração homérica. A enorme quantidade de projetos apresentados simultaneamente
gerou-me uma sobrecarga cognitiva, além da velocidade vertiginosa de atualização
do conhecimento. No entanto estes foram problemas detectados em meu percurso,
minha trajetória pessoal no curso proposto. Observo e conseqüentemente enfatizo
a interação e destreza dos companheiros compartes que imbuídos do desejo de
aprender e compartilhar conhecimento envolviam-se notória e destacadamente. Afinal, a
responsabilidade pelo ensino fica distribuída por toda a comunidade, não apenas
nas mãos do professor.
Outra conclusão é de que os MOOCs incentivam a construção de
PLEs Personal Learning Environments (abordado anteriormente em outro post), já
que o “aprendente” escolhe, de um vasto leque de opções, o que e quando quer
aprender e de que atividades e ferramentas querem participar. Enfim, fronteiras fluidas, distâncias
reduzidas e conhecimento horizontalizado e exigência de um novo perfil de
educador e do "aprendente" .
REFERÊNCIAS
BERTICELLI,
Ireno Antônio. Educação em perspectivas
epistêmicas pós- modernas. Chapecó, SC: Argos, 2010.
DELEUZE, G. e GUATTARI, F. O Anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia.
Rio de Janeiro: Imago, 1995.
FREIRE, P. Pedagogia
do Oprimido. 40ª ed. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 2005.
GUATTARI,
F. Caosmose: um novo paradigma estético. Rio de Janeiro: Editora 34.
GUTIERREZ,
Suzana de Souza. A Etnografia Virtual na
Pesquisa de abordagem dialética em redes sociais online. http://www.anped.org.br/reunioes/32ra/arquivos/trabalhos/GT16-5768--Int.pdf
. Acesso em: 12 de junho de 2012.
HINE,
Cristine. Etnografia Virtual.
Madrid: UOC, 2004.
WALL, Sarah. An autoethnography on learning abaut auto ethnography.
International Journal of Qualitative. Methods 5 (2) june, Article9. 2006. http://www.ualberta.ca/~iiqm/backissues/5_2/PDF/wall.pdf. Acesso: 23 de janeiro de 2013.
WARD,Mary –Hellen. Thoughts on blogging as an ethnographic tool. In: 23 rd annual ascilite
conference: Who´s learnirg? Whose
technology? 2006,
Sydney, AU. 23 rd annual ascilite conference. Disponível em http://www.ascilite.org.au/conferences/sydney06/proceeding/pdf_papers/p164.pdf.
Acesso em 10 de julho de 2012.